A alta-costura é um momento especial na maratona das semanas da moda. Enquanto nos meses de março e setembro os profissionais dessa indústria correm de um lado para o outro entre centenas de desfiles, entre Nova York, Londres, Milão e Paris, nos meses de janeiro e junho todos os olhos se voltam apenas para capital francesa, única autorizada a usar o título de haute couture.
O estilista Stephane Rolland abriu seu desfile com a cena final do filme “Orfeu Negro”, de 1959, uma adaptação da peça teatral “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes.
Na sequência, à medida que as modelos cruzavam a passarela, o desfile contava com uma trilha sonora formada por clássicos como “Manhã de Carnaval”, na voz de João Gilberto, “A Felicidade”, de Tom Jobim, “Minha Voz, Minha Vida”, de Caetano Veloso e “Você”, na voz de Maria Bethânia.
Um dos momentos mais esperados nos desfiles de Alta-Costura, que é o encerramento com a noiva, ela entrou na passarela com um vestido dourado lembrando o manto de Nossa Senhora Aparecida, mosaicos amazônicos e uma homenagem às linhas de Oscar Niemeyer, ao som do poema “Prece”, de Fernando Pessoa, recitado por Maria Bethânia. Simplesmente emocionante.
“Esta coleção é dedicada ao Brasil. Fazia tempo que queria realizar um desfile sobre o Brasil”, explicou à AFP o estilista, que viajava com frequência ao Brasil antes da pandemia.
Vestidos brancos longos e curtos foram uma homenagem ao modernismo brasileiro materializado nas linhas de Niemeyer.
O poncho curto de tule branco com detalhes iridescentes lembram uma escultura, enquanto os tubinho em seda branca remetem às linhas do Palácio da Alvorada, residência presidencial em Brasília.
Pedras brasileiras adornam os tecidos, quebrando a austeridade dos vestidos.
A imersão na Amazônia trouxe vestidos com símbolos esculpidos em 3D, que capturam e refletem a luz. As mangas e os anéis, de grandes proporções, são feitos de ébano.