Sesc-Cacupé, em Florianópolis, e tem agenda intensa de exposições, oficinas, demonstrações de técnicas, feira de produtos e rodas de conversa.
Na edição comemorativa aos 10 anos do Floripa Quilt, festival de patchwork de Santa Catarina que mobiliza o segmento artístico e comercial envolvido com a arte de unir retalhos, as novidades refletem um reposicionamento e uma abordagem mais ampla da arte têxtil e do artesanato neste momento de grandes mudanças e desafios. “Queremos ampliar o público, mostrar para o próprio mercado que a arte feita com agulhas vai muito além do repertório tradicional, e possibilitar uma compreensão mais ampla e contemporânea sobre o patchwork e o quilt”, conta a idealizadora e organizadora do Floripa Quilt, Janaína Machado Cordeiro, do Ateliê Corarte. O festival acontece de 3 a 6 de maio, no SESC-Cacupé, em Florianópolis, abertura oficial dia 3 às 11h. Dia 2 iniciam as oficinas mediante inscrição pelo site do festival.
Em nove anos, o festival ofereceu ao seu fiel público o que existe de mais atual no segmento em materiais, produtos prontos, maquinário, além de oficinas de aprimoramento de técnicas, concurso de quilt e mostras de trabalhos premiados. Se consolidou apostando nos eixos comercial por meio da feira; na formação/educativo com oficinas ministradas por mestres da arte têxtil, rodas de conversa abordando temas contemporâneos; e cultural com as exposições.
Para a 10ª edição, as mudanças são sutis, porém indicam um movimento que pretende dar maior visibilidade para a potência que o festival já possui. Uma das mudanças foi a alteração no edital do Concurso de Quilts para reforçar o olhar contemporâneo para a arte têxtil. “A gente recebe obras de arte, precisávamos de um olhar mais artístico para o concurso, uma curadoria”, diz Janaína, que convidou a artista têxtil Verônica Filipak para participar da estruturação do edital. A paranaense representada pela Galeria Zilda Fraletti, com participação em concursos nacionais e internacionais, chega para trazer este frescor ao concurso. A mudança já trouxe como resultado o aumento no número de inscrições em relação aos anos anteriores. Os trabalhos finalistas e premiados estarão em exposição na 10ª Mostra do Concurso de Quilts.
Participam do júri, ainda, nomes reconhecidos no segmento da arte têxtil nacional e no campo da arte:
Marina Landi – premiada artista têxtil no Festival Internacional de Quilt, em Houston, e em Paducah, também nos Estados Unidos, e em Gramado, na serra Gaúcha.
Adriana Sleutjes– holandesa radicada no Rio Grande do Sul, juíza certificada pela National Quilting Association (NQA/USA) e marca presença no Festival Internacional de Quilt, em Housto desde 2013.
Parísina Ribeiro – tem obras em diversos museus brasileiros, integra acervos de colecionadores, participa de Exposições e Bienais de Arte Naïf e Têxtil desde 2010 nas principais capitais brasileiras e nos EUA, Polônia, Inglaterra, Canadá e Peru. Já realizou exposições individuais em Minas Gerais e Santa Catarina.
Karin Dolores C. Galvão – equatoriana radicada no Brasil há 30 anos, ministra aulas desde 2013 no espaço Karin Dolores Studio, em Salvador. Fez parte da equipe de professoras no Festival Internacional de Quilt e Patchwork de Nova Petrópolis em 2022.
Eva Malinowiski – premiada em concursos e festivais nacionais e internacionais, convidada para ministrar cursos e workshops de quilting artístico em Festivais e Ateliês no Brasil.
ARTESANATO- ARTE NAS MOSTRAS, DEMONSTRAÇÕES E OFICINAS
O festival tem como premissa a formação e divulgação da arte têxtil e artesanato. Com caráter educativo, as mostras apresentam diversidade de trabalhos que vão do mais tradicional quilt aos contemporâneos. Reforçam a potência de obras de uma categoria de produto que se encontra entre o tênue limite de dois sistemas historicamente constituídos: artesanato-arte. Por isso, vai além das mostras de trabalhos dos professores e dos finalistas do concurso nacional de quilt. Aposta em produções já reconhecidas em outros campos como do design e da arte.
Uma delas é a mostra “Os Arquipélagos”, de Nara Guichon, artista têxtil e ativista reconhecida nacionalmente, que exibe instalações para além de sua produção comercial. As homenageadas na 3ª Mostra de Bordados também rompem esses limites do artesanato-arte. A florianopolitana Maria Celeste Carvalho Neves (1919-2014) que começou a pintar quadros com retalhos, linhas, rendas e agulhas aos 64 anos. Foram mais de 520 trabalhos produzidos e a inserção de seu nome na cena artística nacional. E a mineira Dóris Sueli Teixeira, que trabalha com têxteis (bordado, patchwork, estamparia, tingimento e batik) desde 1970, expondo e vendendo os seus trabalhos em eventos no Brasil e na América Latina. É premiada nos festivais de Gramado e de Niterói e no Festival Internacional de Houston (EUA), em 2005. É membro da ABPQ (Associação Brasileira de Patchwork e Quilt) e da IQA (International Quilt Association).
“Afetos e Tramas Entrecruzadas” é o tema proposto pela curadora da 3ª Mostra de Bordados, a artista têxtil Parísina Ribeiro. “A afetividade sempre esteve presente no tramar têxtil de pontos, fios, cores e traços ontem e hoje da arte que nos encanta e nos aproxima pelos diversos cruzamentos das linhas da imaginação, da criação e do fazer artístico”, afirma a curadora.
O 10º Floripa Quilt terá ainda a Mostra das Mestras (professoras dos cursos em 2023), a Mostra “O Oceano que nos une”, de bordadeiras e rendeiras, além das demonstrações de renda de bilro, sashiko (técnica manual japonesa), tear de miçanga e frivolité com Dona Ivonita Di Concílio, de 85 anos.
Diariamente, das 15h às 17h, no Espaço Interativo do Patchwork Tradicional, haverá demonstração com aula para a confecção de almofadas (25×35 cm) para serem doadas para a Casa Lar Cantinho dos Idosos, em Ratones. Já as 20 oficinas são ministradas por artistas têxteis de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Equador. As inscrições podem ser feitas no site do festival – programação das oficinas – e iniciam no dia 2 de maio.
COSTURANDO CONVERSAS
As rodas de conversas, abertas ao público e gratuitas, são momentos para a troca de experiências entre as artistas convidadas e os participantes. O conteúdo irá tratar sobre editais têxteis, patchwork tradicional e as colchas de retalhos, o mapeamento das anileiras nativas em Florianópolis, que é a planta de onde se extrai o azul índigo, e consumo consciente e upcycling.
O COMEÇO
Foi em um pequeno ateliê de patchwork que o sonho de Janaína começou a ganhar forma. Entre uma feira e outra que visitava, a artesã viu a possibilidade de trazer para Florianópolis um festival que unisse cursos, expositores e admiradores dessa arte, além de divulgar e valorizar a produção regional. Resolveu empreender e com pessoas que também acreditaram nesse sonho, criou o Floripa Quilt – Festival de Patchwork, hoje um festival reconhecido por oferecer exposições de qualidade, cursos criativos, concursos e reunir participantes fiéis. “Um sonho que virou realidade e foi costurado a muitas mãos”, conta Janaína, que em 2009 criou o Ateliê Corarte para ministrar aulas. Em 2012 chegou a ter 95 alunas e 11 professores, antes de dedicar-se integralmente ao Floripa Quilt.
A 10ª edição do Floripa Quilt tem apoio do Sesc, Pegorari, Canal Craft, Renauxview, JJ & Cia das Máquinas e EcoModa Udesc.
Serviço
O quê: 10º Floripa Quilt – Festival de Patchwork
Quando: De 3 a 6 de maio
Horário: 12h às 18h – abertura oficial dia 3 às 11h
Onde: SESC-Cacupé – Rodovia Haroldo Soares Glavan, 1670, Cacupé, Florianópolis.
Entrada: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Estacionamento: R$10,00 a diária(dá para deixar o carro na rua)
Restaurante: 11h até 14h (almoço) / 19h até 21h (jantar)
Cafeteria – 14h até 18h, no Salão Campeche
Mais informações – https://floripaquilt.com.br/10anos/
Contato: Janaina Machado Cordeiro – (48) 99678-4466
Simone Bobsin (48) 99971-4139