A publicação mostra residências que incorporam o universo artístico à arquitetura, com ambientes que revelam a personalidade de seus habitantes e o apreço pela arte
Casa Vogue de Setembro se inspira nas artes_Fotos lana Bessler/Habitado Projeto e Fran Parente
Muito mais do que atender à necessidade do morar, uma casa expressa, por meio das escolhas de móveis, peças de arte, livros, cores e várias outras manifestações artísticas a personalidade de quem vive nela. E essa correlação fica clara na edição da Casa Vogue de setembro. Inspirada na 35ª Bienal de São Paulo, um dos mais relevantes eventos do circuito internacional, a revista traz às suas páginas residências que incorporam dimensões estéticas, históricas e políticas à maneira de uma obra de arte.
No Em casa com deste mês, a artista Claudia Liz abre seu apartamento, em São Paulo, repleto de referências às suas diferentes fases: das lembranças da infância, passando pelos registros da carreira de modelo e atriz, ao seu apreço atual pelas artes plásticas.
Em Universo, a galerista italiana Martina Simeti, herdeira do artista plástico Turi Simeti, mostra seu apartamento da década de 1930, decorado com trabalhos artísticos dos anos 1960 e 70, além de criações de jovens artistas contemporâneos. A casa da família da galerista Antonia Bergamin, em São Paulo, também é destaque na seção. O projeto do premiado arquiteto Isay Weinfeld conseguiu equilibrar o acolhimento do bem morar com uma importante coleção de arte, com espaços de pé-direito alto e vidros que privilegiam a iluminação e emolduram a vegetação ao redor do imóvel.
Outro primoroso trabalho apresentado é o da arquiteta Joana Hardy, que assumiu a responsabilidade de fazer a reforma de um apartamento icônico no Edifício Niemeyer, assinado por Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte. A planta sinuosa foi inovadora para os anos 1960, e o projeto, feito pós-Copan, tornou-se um marco da capital mineira. Tudo isso exigiu da arquiteta o respeito ao registro histórico do imóvel ao mesmo tempo em que ela criava espaços com a personalidade do morador, colecionador de arte.
O projeto dos arquitetos Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, sócios do escritório FGMF, é mais um dos destaques. A dupla assina uma casa no interior de São Paulo localizada em um bosque natural e tiraram partido da admiração dos proprietários pela arquitetura, pela arte e pelo paisagismo para criar um projeto ousado, em que os espaços vazios representam um papel tão – ou mais importante – que as próprias áreas construídas, criando uma simbiose entre elas e ainda valorizando as obras de arte dos moradores.
Há ainda uma reportagem sobre a 35ª Bienal de São Paulo que, sob o título Coreografias do Impossível, faz um convite à ruptura levando para o centro da discussão as práticas artísticas e sociais. A mostra possui 1.100 obras de 121 participantes de todos os continentes e abre espaço para, nas palavras dos curadores, “imaginar mundos, ou mesmo acelerar o fim de um mundo onde as ideias de liberdade, justiça e igualdade são realizações impossíveis”. Não por acaso, essa edição da Bienal, com curadoria horizontal, conta com 82% de artistas não brancos – fato que merece destaque.
Talento em ascensão, o artista autodidata Gustavo Nazareno, nascido em Três Pontas (MG), protagoniza um perfil na edição. Devoto do candomblé, ele tem um trabalho potente que incorpora à arte contemporânea o panteão dos orixás. Suas impactantes telas a óleo com desenhos em carvão estão reunidas na sua primeira mostra individual no Museu Afro Basil, intitulada Bará – mesmo título do livro que Nazareno acaba de lançar. Além disso, ele vai participar de importantes feiras internacionais deste ano e em 2024.
Outro jovem talento que está despontando é o catarinense Lucas Recchia, que atua há pouco mais de quatro anos como designer de mobiliário. Em 2021, ele estreou com peças de vidro na galeria de Rossana Orlandi, em Milão, considerada a papisa do design italiano – e que o representa na Europa e na Ásia. No ano seguinte, seus móveis já estavam na galeria Castorina, na Austrália, e Recchia assinou contrato com a marca de roupas Off-White. No Brasil, suas peças exclusivas estão em duas lojas paulistanas que são referência: a Firma Casa e a Casual Conceito.
Pela primeira vez, a seção Decor Stories traz editorial realizado no Casa Vogue Living Market, espaço-conceito de decoração, design, arte e lifestyle com curadoria e conteúdo da Casa Vogue, desenvolvido em parceria com a JFL Living, em São Paulo. Além de revelar obras de arte e móveis autorais de mais de 60 criativos, selecionados minuciosamente pela equipe da revista, o leitor tem acesso a um QR Code para adquirir as peças virtualmente.
Em Casa Vogue ama é possível conferir peças com apelo mais escultórico e diferenciados, com cores, formas e materiais inusitados de diferentes designers que flertam com a arte. Já a seção Last Look rende homenagem ao diretor José Celso Martinez Corrêa (1937 -2023) com um texto sobre seu Teatro Oficina, no Bixiga, em São Paulo. O santuário artístico-casa desse gigante do teatro foi o último projeto assinado pela arquiteta-ícone Lina Bo Bardi.
Confira o conteúdo completo na Casa Vogue de setembro, disponível em versão digital e nas melhores bancas do país.
SERVIÇO
Revista Casa Vogue | Edição 454 (setembro)