
O Theatro Municipal de São Paulo traz uma nova leitura para Don Giovanni, obra-prima de Wolfgang Amadeus Mozart com libreto de Lorenzo Da Ponte. A nova montagem, que estreia em 2 de maio, terá direção cênica de Hugo Possolo, conhecido por seu trabalho no picadeiro, e direção musical de Roberto Minczuk, maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal. A proposta é destacar o humor da trama original, com forte inspiração no universo do circo e da palhaçaria.
Apresentada em sete récitas entre 2 e 10 de maio, a ópera contará também com a participação do Coro Lírico Municipal, sob regência de Hernán Sánchez Arteaga. Os ingressos variam de R$ 33 a R$ 210, e a classificação etária é de 12 anos. A duração aproximada do espetáculo é de 190 minutos, com um intervalo.
Uma releitura inspirada no humor original
Considerada um “drama jocoso”, Don Giovanni une comédia e tragédia, retratando a história do lendário conquistador que enfrenta as consequências de seus atos. A nova montagem retoma a essência crítica e bem-humorada da peça original, criada por Mozart e Da Ponte a partir de inspirações anteriores como Dom Juan de Molière.
“A abordagem com o humor de Molière foi o que mais me interessou. É um retorno à origem”, explica Hugo Possolo. Em cena, Don Giovanni será retratado como um ilusionista, manipulando interesses românticos com truques dignos de um espetáculo circense.
Elencos e destaques musicais
A montagem terá dois elencos diferentes ao longo da temporada. Hernán Iturralde, Camila Provenzale e Michel de Souza estão entre os destaques dos dias 2, 4, 7 e 10, enquanto Homero Velho, Ludmilla Bauerfeldt e Saulo Javan lideram o elenco nos dias 3, 6 e 9.
A ópera traz momentos musicais célebres, como a ária do catálogo de conquistas, cantada por Leporello, a celebração hedonista de Don Giovanni em Fin ch’han dal vino, além das comoventes interpretações de Donna Anna, Donna Elvira e Zerlina.
Nesta nova versão, além dos números musicais em italiano, trechos dos recitativos serão apresentados em português, buscando maior conexão com o público. “Queremos mostrar que a ópera não é elitista, é para todos”, afirma Possolo.
Don Giovanni e a crítica social
O espetáculo também propõe uma reflexão crítica: Don Giovanni, símbolo do conquistador serial, é comparado aos “poderosos machistas” da sociedade atual. Em meio à leveza do circo, a montagem denuncia o fracasso do patriarcado e evidencia a força feminina através das personagens Donna Anna, Donna Elvira e Zerlina.
“A palavra ópera já significa obra completa, que reúne várias linguagens como drama, música e, agora, elementos circenses”, destaca Hugo Possolo. O diretor acredita que essa fusão torna o espetáculo mais acessível e próximo do espírito popular.
Um clássico na história do Theatro Municipal
Desde sua estreia mundial em 1787, Don Giovanni figura entre as óperas mais encenadas do mundo. No Brasil, o Theatro Municipal de São Paulo recebeu a obra pela primeira vez em 1956 e, desde então, a ópera voltou em montagens memoráveis nas décadas de 1990 e em 2013.
Cada nova leitura de Don Giovanni traz uma renovação do seu impacto cultural — e a versão de 2024 promete emocionar e divertir, resgatando o frescor e a irreverência que marcaram a gênese desta obra imortal.