Na sala de estar com home theater, um pouco do particular infinito da arquiteta
Participar do elenco de uma mostra de decoração é desafiador e também instigante, justamente pelo fato de ter que se superar e se reinventar a cada edição. Com Anna Maya, que tem uma longa experiência em eventos do setor, a troca costuma ser surpreendente. Desta vez, não foi diferente.
O tema “Infinito Particular”, abordado pela CASACOR deste ano, foi traduzido com muita personalidade pela arquiteta, na sala de estar com home theater, projeto desenvolvido para a CASACOR SC 2022, em Florianópolis. O evento, de 18 de setembro a 30 de outubro, ocupa a edificação centenária da Escola Silveira de Souza, no Centro da cidade.
Quem é frequentador de mostras e acompanha o trabalho da arquiteta há algum tempo, logo vai identificar a assinatura ao entrar no ambiente “Meu particular infinito”. Na proposta, uma combinação que Anna consegue imprimir com muito estilo: uma arquitetura imponente e, ao mesmo tempo, despojada e impactante.
No espaço de 60 m2, as formas circulares – marca que é referência nos projetos da arquiteta – pontuam diferentes soluções. Estão nas paredes, no teto, nos móveis soltos e sob medida, nos elementos decorativos, no tapete e ainda nos detalhes, a exemplo das obras de arte.
Ela aproveitou a oportunidade para reforçar o seu DNA, a sua identidade, fazendo uma conexão com a temática do evento. A profissional expõe a essência do seu marketing afetivo, do seu particular infinito, ao mostrar uma visão pessoal, peculiar sobre a arquitetura de interiores.
Em cada canto do estar está a assinatura inconfundível de Anna Maya, que sempre busca apresentar algo novo, sem fazer questão de seguir tendências ou repetir o que o mercado dita, criando projetos únicos.
Interior confortável e despojado
A sala de estar que destaca um generoso cinema, com telão de 3 x 1.70, prima pelo conforto despojado aliado ao décor imponente. “Isso aparece na escolha da paleta de cores, que mescla nuances de terracota, e também no revestimento que envelopa todo o ambiente, inclusive, a bancada do próprio home theater”, explica Anna.
Aliás, a textura é um convite ao toque. O material é feito a partir de pedras naturais reaproveitadas do descarte de marmorarias. É uma tinta que não tem pigmentação artificial, não desbota, não sofre com as intempéries.
O pé-direito alto dá profundidade e também atrai o olhar para os detalhes nas partes mais altas. Não passam despercebidas, por exemplo, as janelas originais recuperadas e que foram ainda mais valorizadas com o desenho de pórticos, feitos de lâmina pau-ferro, seguindo o mesmo padrão de tonalidade – da madeira escura – que predomina no ambiente. Para a privacidade e controle da luz, Anna optou por usar persianas de madeira com fita listrada, o que deu modernidade à composição. As duas portas no espaço também foram emolduradas pelo pórtico.
Nas duas paredes laterais opostas, algumas singularidades. Uma delas é totalmente demarcada por desenhos de círculos e tem como apoio uma bancada baixa para disposição de livros, bandejas que fazem a vez de bar e outros acessórios decorativos. Essa parede quase se encaixa, propositalmente, ao painel rebaixado no teto, feito de lâmina cortada a laser também destacando o formato circular em vários nichos unidos.
Do outro lado, onde ficam duas janelas, atente para as duas estantes – uma em cada ponta – desenhadas por Anna Maya. Com bases circulares feitas de ferro e prateleiras de vidro, elas são fixadas tanto no teto quanto no piso. Nesta solução a arquiteta explorou o uso de plantas.
Projeto de iluminação para diferentes ocasiões
Quanto à proposta de iluminação, a profissional criou múltiplas cenas para possibilitar diversos usos, com opções funcionais e decorativas. Segundo a arquiteta, para potencializar a versão sala de cinema, foi instalada luz de LED ao redor de todo o telão. No teto, além dos trilhos com direcionáveis para valorizar obras de arte e outros objetos desejados, tem opções de pontos estratégicos com a função de iluminar o espaço, quando necessário.
A luz decorativa ganhou notoriedade com a disposição de 16 pendentes de alumínio, centralizados no espaço, com pintura dourada fosca automotiva, design de Luciana Martins Rosa. Em uma das paredes laterais, duas arandelas – também desenhadas por Luciana – arrematam a grande tela pintada por Camila Saavedra, especialmente para compor o conceito da sala de estar.
Mobiliário e décor pensados para o convívio com máximo conforto
Em sintonia com o espaço, os móveis soltos ressaltam as formas orgânicas. Sofás, poltronas, pufes, mesas de centro e laterais brincam com o shape mais arredondado, circular. Para compor o cenário mais terracota, Anna apostou em um mobiliário que destaca cores neutras, passando pelo cru, marrom, mostarda e rosa antigo.
O acabamento fica por conta da sobreposição de tapetes. O maior veste toda a área do piso, de ponta a ponta. Sobre este, outro exemplar – desenhado pela arquiteta – e que, como não poderia ser diferente, destaca um mix de bolas.