A arte brasileira vai ecoar pelos corredores do Carrousel du Louvre, em Paris, com um manifesto visual potente e carregado de significado. A obra REGINA, do colagista sR Lima, foi uma das selecionadas para integrar o Salon International d’Art Contemporain, uma das principais mostras de arte contemporânea do mundo, que acontece entre os dias 4 e 6 de abril de 2025, na capital francesa.

Criada a partir de colagens manuais com recortes de revistas Vogue, a obra carrega em sua essência uma homenagem à síndrome de Down, e propõe um olhar sensível, estético e político sobre o direito de ser diferente.

Um mosaico de identidades, feito à mão

REGINA faz parte de uma série homônima desenvolvida por sR Lima a partir de sua pesquisa sobre identidades sociais. Ao todo, são 21 tonalidades de vermelho, em alusão ao cromossomo extra que caracteriza a trissomia do 21. A obra ainda utiliza as cores simbólicas da síndrome de Down — azul e amarelo —, entrelaçadas em fragmentos de papel que ganham um novo sentido quando recortados, reposicionados e ressignificados.

“Cada fragmento de papel propõe um ritual de artesanalidade, ao se apropriar de um universo que legitima estas identidades e referencia o direito, inegociável, de ser diferente”, explica o artista.

Mais do que uma colagem, REGINA é uma afirmação. É a tradução visual de uma subjetividade muitas vezes invisibilizada. E é também um manifesto sobre o poder da arte em reconstruir narrativas.

Do Brasil para o mundo: um convite ao pertencimento

sR Lima foi selecionado através de uma curadoria nacional promovida pela Be Art Gallery, sob direção de Ângela de Oliveira, e agora leva sua obra para um dos espaços mais simbólicos da arte no mundo: o Louvre.

Sua participação no Salon International d’Art Contemporain acontece ao lado de outros artistas globais e tem como foco central dois temas urgentes: a diversidade do ser humano e a preservação ambiental.

“Apresentar esta obra em um circuito internacional é uma oportunidade de ampliar o alcance da narrativa do meu trabalho, ao inserir identidades historicamente invisibilizadas em um debate global. Acredito que a arte, através da técnica da colagem, se torna um manifesto visual, carregado de erudição, artesanalidade e pertencimento”, conclui o colagista.

Arte como linguagem ancestral

Todo o processo criativo de sR Lima é feito à mão, com o cuidado de quem valoriza o gesto, o tempo e o ofício. Seus papéis vêm de revistas descartadas e doações, e cada escolha de recorte, cor e textura carrega uma intencionalidade profunda.

Ao trabalhar com técnicas analógicas, o artista reafirma a importância do artesanal como resistência estética em tempos digitais — e propõe uma experiência visual que ultrapassa o plano da imagem, tocando símbolos, histórias e afetos.

Sobre a exposição

Salon International d’Art Contemporain
De 4 a 6 de abril de 2025
Carrousel du Louvre – 99 Rue de Rivoli, 75001 – Paris, França

REGINA não é apenas uma obra — é um grito silencioso, um abraço em forma de papel, uma reverência à singularidade humana. E agora, do Brasil para o coração de Paris, ela convida o mundo a olhar com mais sensibilidade para aquilo que nos torna únicos.