
A nova série da Netflix, Sereias, criou um universo visual que é tão sedutor quanto perturbador — e grande parte desse charme vem do figurino. A figurinista Caroline Duncan usou a linguagem da moda para transformar cada roupa em uma extensão da trama, construindo uma atmosfera de beleza dissonante e inquietante.
1. Preppy retrô dos anos 1980

Todos os personagens do núcleo central seguem à risca o estilo tradicional das elites da Nova Inglaterra nos anos 1980: sapatos com bico específico, suéteres bem dobrados e estampas discretas. Esse cuidadoso rigor visual é quase um personagem — elegante, harmônico, mas carregado de tensão.
2. Duas exceções de peso

Julianne Moore, como Michaela, foge do padrão: seu estilo inspirado na mitologia grega — tons neutros e silhuetas fluidas — sugere uma figura de figura sacerdotal etérea, reforçando o mistério que a cerca. Já Peter Kell (Kevin Bacon) incorpora o que se espera de um herdeiro aristocrático, com referências a JFK Jr. e Robert Redford.
3. Cores como termômetro emocional

Devon, a protagonista, surge inicialmente vestida de preto, com um visual mais grunge: um contraste direto com a estética implacável ao seu redor. Esse corte visual sinaliza bem sua condição de forasteira — e ganha matizes ao longo da narrativa.
4. Detalhes que contam história

Peças icônicas, como o blazer com patos de Ethan — bordado artesanalmente pela mesma equipe da Thom Browne — revelam atenção minuciosa a cada cena. Já Simone, outra personagem relevante, tem sua paleta de cores alterada durante os episódios, acompanhando seu arco emocional — dos tons vívidos ao branco suave .
Por que esse figurino importa?
- Ambiente perturbador: o contraste entre estética doce e atmosfera sombria intensifica o desconforto do espectador.
- Personagens mais ricos: estilo e narrativa andam lado a lado — o que cada personagem veste confirma suas escolhas e dilemas.
- Realismo inquietante: tudo parece “vivo” — nada pontualmente bonito, tudo estrategicamente pensado para manter a tensão no ar.