As duas cidades apresentam semelhanças, principalmente com os festivais, como o carnaval.
Com o objetivo de mostrar a sintonia entre os dois territórios afro diaspóricos, ou seja, cidades que evidenciam a cultura negra, a escritora Iyá Leke, presidente do Instituto Odoiyá e presidente estadual do Afoxé Ómó Ifá de Santa Catarina e o pesquisador Babalawo Sandro Ifatorera, estão realizando o Projeto Ilê Ifé.
Segundo Iyá Leke, a ideia surgiu após viagens realizadas pelos dois para a Nigéria. “A cidade de Ilê Ifé é o berço da humanidade e reconhecida mundialmente. Ela agrupa na sua tradição social, festividades que abrangem a economia, inovação e são divulgadas até hoje”, destaca.
E foi durante essas idas ao país africano que os pesquisadores identificaram muitos elementos em comum com a cultura afro-brasileira, principalmente, com o carnaval. “A música, a dança, o canto, a presença da percussão, ou seja, do toque do atabaque são alguns exemplos destes pontos em comum e que se assemelham muito com as nossas escolas de samba”, salienta Iyá Leke.
E por isso, o projeto prevê bem mais que um intercâmbio Florianópolis/Brasil e Ilê Ifé/Nigéria, ele quer mostrar que a cultura yorubá continua a desempenhar um papel importante no avanço da história do Brasil. De acordo com os pesquisadores, essa cultura está inserida na música, culinária, vestuário e manifestações culturais que compreendem diversos setores da economia, e o carnaval é a principal delas.
Escolas de Samba de Florianópolis
A pesquisa nas escolas de samba de Florianópolis vai ser importante para mostrar quais são as frequências culturais que apresentam maior relação com as matrizes africanas do Festival Olojó, que é realizado em Ilê Ifé, na Nigéria.
“A princípio, iremos entrevistar os integrantes das escolas Copa Lord e Coloninha, que conheceram mais sobre o projeto num evento realizado em junho deste ano com a presença dos dirigentes das escolas de samba de Florianópolis”, antecipa Iyá Leke.
A intenção dos pesquisadores, a longo prazo, é produzir uma Coleção com selo e conteúdo específico, promovendo o estreitamento entre a cultura afro-catarinense e as matrizes africanas em Ilê Ifé. “Acreditamos também que este projeto pode gerar renda para os trabalhadores da cultura local, desde as escolas de samba, produtores culturais, até os pesquisadores e docentes que pesquisam sobre história, pedagogia e filosofias afro-brasileiras”, destacam.
E-book interativo
Como resultado, os pesquisadores vislumbram a publicação de um e-book interativo com linguagem acessível para disseminar os elementos culturais em comum entre o Festival Olojó na cidade de Ilê Ifé na Nigéria e as Escolas de Samba de Florianópolis.
“Através da integração digital, com o e-book interativo, queremos apresentar o desenvolvimento tecnológico deste patrimônio proposto pelo projeto Ilê Ifé em sintonia com os territórios afrodiaspóricos. Queremos difundir os saberes e fazeres vindos desta relação Brasil e o continente africano a fim de romper com o apagamento da cultura negra local e ampliar a economia cultural e criativa dos setores qualificados e sustentáveis de Florianópolis”, completam os pesquisadores.