Passado e presente encontram-se na sala Allora, de Gabriel Bordin

Um infinito particular exposto, que sugere interação e transformação constantes, com fluidez e afetividade, na CASACOR/SC 2022

Assim, orgânico e natural, mas com certas dualidades como novo e velho, natural e sintético, claro e escuro, cores vibrantes e neutras. Sempre em equilíbrio, é que o arquiteto e urbanista Gabriel Bordin cria seu espaço na CASACOR/SC 2022, a sala Allora que, em italiano, significa “assim”. Esta é a quinta edição que o profissional participa e, conforme ele mesmo explica, o ambiente culmina em um ciclo que começou há cinco anos, “uma antiga sala de aula torna-se ponto de encontro, um lugar para fermentar as ideias. O Gourmet Living de 2017 era inaugural, agora o espaço é uma afirmação, uma síntese”. 

Respeitando as dimensões e a história do espaço, com pitadas de otimismo, a proposta de Gabriel é o reencontro de novas e antigas formas de interagir, reunir pessoas queridas e criar. “História, contemporaneidade, o natural, o sintético e a arte coexistem para dar o palpite sobre os próximos passos”, complementa. A Allora relaciona as moradas europeias às brasileiras e sugere uma forma mais orgânica de habitar, em uma constante entre o que é essencial em uma moradia e como o usuário quer e pode contribuir para o local.   

Ao sugerir a união de passado e presente, o profissional expõe o universo particular – tema da CASACOR/SC 2022 – em um “Infinito Particular” que é circular e está em transformação, convidando o usuário e os visitantes a conhecerem, interagirem e contribuírem com o espaço. Esse fluxo leve do ambiente é uma demanda que vem, também, do comportamento dos clientes do Studio Gabriel Bordin. “Fluidez, minimalismo, decorações afetivas, espaços que abarcam as necessidades práticas e emocionais são a base dos pedidos dos clientes”, afirma. 

Os imponentes 55m² da sala foram preservados e acolheram a narrativa com conforto e fluidez. A ideia é que a paleta clara do Allora evidencie mais a sutileza da iluminação natural e artificial, assim como a gradação de cores similares revelam os detalhes das formas e texturas dos materiais. Seguindo a linha do passado e presente, os móveis e a decoração se diferenciam e, ao mesmo tempo, compõem harmoniosamente. Um ponto de cor aqui e acolá dá contraste e quebra a monotonia com delicadeza.

Entre as cores que são destaque, Gabriel elenca o ocre do sofá, o branco das paredes, da chaise e da mesa de centro, o preto/cinza/chumbo das esquadrias e prateleiras, o tom areia do tapete e estrutura em travertino da estante. Além de pequenas aparições do verde nas poltronas e nas obras de arte. 

O bar e o mobiliário mais discretos abrem espaço para o protagonismo de outras características das peças, como a bancada minimalista revestida em quartzito arctic stone com desenho marcante da pedra. O móvel aéreo, instalado na parede, parece flutuar e, à primeira vista, não aparenta ser, também, um bar, o que o faz manter a estética de harmonia e fluidez proposta pela sala. 

O arquiteto reforça que a Allora trata do efêmero e propõe um espaço para reuniões livres com pessoas à vontade. Sentadas ou transitando pela sala, folheando livros, degustando drinks, aperitivos,  contemplando a vista pelas janelas. “Dividimos afetos, circulamos as ideias, experiências, memórias. Firmamos os círculos, entendemos os ciclos, temos lugar e companhia para criar e aflorar sentimentos e relações ”, conclui.