É hora de se reinventar! Salão de beleza vira mercado orgânico

O momento era de euforia e de contratações. Em novembro de 2019, os empresários Cris Dios e Itamar Cechetto investiram 4 milhões de reais para abrir no Brasil o primeiro salão de beleza da Aveda, marca sustentável do conglomerado de luxo Estée Lauder. Para a inauguração, vieram executivos da França e dos Estados Unidos. Foi o oitavo salão do casal, dono da rede Laces and Hair, com estabelecimentos em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e clientes como Alessandra Ambrosio e Izabel Goulart. Algumas unidades faturaram mais de 1 milhão de reais por mês. Aí veio a pandemia e todo o negócio precisou interromper suas atividades. “Decidimos não demitir nenhum dos 260 colaboradores, todos em regime CLT, mas precisamos nos reinventar”, conta Cechetto.

Por reinventar, entenda-se: abrir um novo negócio no meio da pandemia. Quando houve a última prorrogação da quarentena para além do dia 30 de maio no estado de São Paulo, ainda sem data para acabar, constatou-se que o fluxo de caixa da empresa daria conta das despesas até o dia 10 de junho. O casal decidiu mudar o contrato social de duas unidades para transformá-los em mercado de secos e molhados, mas sem disponibilizar os serviços típicos de salão. O tempo entre a tomada de decisão e abertura: 12 dias. “Acionamos empresas como Nakao Alimentos e Solly Supermercados Orgânico que, assim como nós, estavam precisando se movimentar. A partir desta semana, reabrimos para vender hortaliças, frutas, grãos, flores, vinhos biodinâmicos”, diz Cris.

O mercado deve seguir dentro do salão após o mundo voltar ao seu novo normal. “A crise mostrou a necessidade de resolver o deslocamento das pessoas, de resolver as questões perto de casa e em um mesmo local”, diz Cris. Até a pandemia, a receita da empresa era dividida entre serviços (80%) e produtos de beleza (20%). Na quarentena, com investimento em lives e marketing digital, a venda de xampus, sabonetes e afins pelo e-commerce foi triplicada.